Cheguei em Salvador no milenar passado em 1999 mas me parece estes dias que cheguei agora. Desembarquei na verdade numa cidade de Salvador que não tinha nada a ver com o Salvador de Bahia de todos os Santos que eu tinha conhecido anteriormente através dos romances de Jorge Amado, de umas canções de Bernard Lavilliers e Georges Moustaki e até nos guias turísticos.
Vivi esse tempo todo numa cidade que más lembrava meu primeiro livro didático de português: todo mundo era medico ou engenheiro, andava de carro de luxo... Com taxa de condomínio superior ao salario minimo... Um universo de elevadores, empregados e porteiros onde não se fala com os vizinhos. Um universo onde nada evoca as raízes africanas, com sua religiosidades, seus ritmos, seus rebolados... Um universo acético... muito mais parecido (embora muito mais chato!) com o mundo do qual sou oriundo que a Bahia que eu tinha imaginado e que agora, enfim, estou re-descobrindo como residente do Tororó.